Quando tentamos um adentramento no diálogo como fenômeno humano, se nos revela algo que já poderemos dizer ser ele mesmo a palavra. Mas ao encontrar-mos a palavra na análise do diálogo como algo mais que um meio para que se faça, se nos impõe buscar, também, seus elementos constituitivos.
Esta busca nos leva a surpreender nela duas dimensões: ação e reflexão de tal forma solidárias em, uma interação tão radical que, sacrificada, ainda que em parte, uma delas se ressente imediatamente a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí dizer que a palavra verdadeira seja transformar o mundo.
A palavra inautêntica, por outro lado, como que não se pode transformar a realidade, resulta da dicotomia que se estabelece entre seus elementos constituintes. Assim é que esgotada a palavra de sua dimensão de ação, sacrificada, automaticamente a reflexão se torna verdadeira palavreira, verbalismo, blábláblá.Por tudo isso alienada e alienante. É uma palavra oca da qual não se pode esperar denúncia do mundo, pois que não há denúncia verdadeira sem o compromisso de transformação nem esse sem ação.
Se, pelo contrário se enfatiza ou exclusivisa a ação, com o sacrifício de reflexão, a palavra se converte em ativismo. Este que é ação pela ação, minimiza a reflexão, nega também a práxis verdadeira e impossibilita o diálogo.
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A existência porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tão pouco nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que homens (*e mulheres) transformam o mundo. Existir Humanamente é pronunciar o mundo é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar.
(FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17ª Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, pg. 77,78, 1987).
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