Atividades de sala de aula no ensino comunicativo

Foto do grupo de estudos "Ensino de português para surdos" da Escola Instituto Santa Teresinhas". Da esquerda para direita, professora Ana Maria Moço, Cristina Parmer e eu.

Estamos a cada dia nos aprofundando mais nas questões de ensino de português como segunda língua para surdos.

Uma característica inerente ao professor é a criatividade. Precisamos pensar em atividades para serem propostas em sala de aula com base no ensino comunicativo.

O livro de Richards (2006) nos dá muitas sugestões, como:

Atividades com foco na fluência:
- Reflete o uso natural do idioma ;
-Concentra-se na efetivação da comunicação ;
- Exigem o uso significativo da linguagem;
- Exigem a utilização de estratégias de comunicação;
-Buscam interagir o uso da linguagem ao contexto.

Atividade com o foco na precisão:
- Refletem o uso da linguagem que ocorre em sala de aula;
- Concentram-se na formação de exemplos lingüísticos corretos;
- Praticam a linguagem fora do contexto;
- Praticam pequenas amostras da linguagem;
- Não exigem que a comunicação seja significativa;
- A escolha da linguagem é controlada.

Tipos de atividades:
Atividades de realização de tarefas;
Atividades de levantamentos de informações;
Atividades de expressão de opinião;
Atividades de transferências de informação;
Atividade de dedução lógica;
Dramatizações.

Quer saber mais? Leia o livro. He, He, He


RENANDYA, Wills A. e RICHARDS, Jack C. O Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras – Coleção Portfolio Sbs13: reflexões sobre o ensino de idiomas. São Paulo: Editora SBS, 2006.

Ensino de Expressões Idiomáticas

desenhista: Neiva de Aquino
Ensino de Expressões Idiomáticas:

Muitas metodologias adotadas hoje não levam o aluno ao domínio pleno do português. Isso por vários motivos que vão desde o fato de ser uma disciplina ainda voltada muito para a gramática, para o conhecimento das “regras do bom escrever” e se deixa de lado a língua no seu processo interativo e formas de falar.

Uma proposta motivadora é o ensino através das expressões idiomáticas. Esses recursos lingüísticos representam milhares de possibilidades na comunicação em português. Tais idiomatismos no português são vistos através de análises com as expressões da libras e explicações de suas possíveis origens, as quais provêm de fatos e algumas são até engraçadas.

Existem expressões com léxico e sentido parecidos nos dois idiomas, outras com o mesmo sentido, mas estruturas morfossintáticas diferentes. Portanto, como elemento lingüístico enriquecedor do ato comunicativo, consideram-se as expressões idiomáticas de suma importância para o ensino.

Nos últimos dias eu venho tentando elaborar algumas atividades para melhorar a fixação de expressões idiomáticas em português para alunos surdos.

Anotamos as expressões em fichas (no formato daqueles cartões de apresentação), de um lado escrevemos a expressão e do outro a tradução em Libras.

Eu selecionei algumas das frases que já anotei, veja abaixo:

Expressão em português
Transcrição da tradução para a Libras
O que você tem feito de bom?
VOCÊ TEM NOVIDADE LEGAL
Você se ofenderia se eu perguntasse…
EU PODER PERGUNTAR VC BRAV@ NÃO

O que você achou da comida?
COMIDA GOTOS@?

Só por curiosidade…
EU CURIOSIDADE

Você não mudou nada.
VOCÊ MESMO

Como vão as coisas?
VIDA BEM?

Nós precisamos nos falar mais.
VONTADE CONTATO SUMIR NÃO

Isso foi divertido.
LEGAL

Vê se não some.
VOCÊ SUMIR NÃO

Em breve estarei listando novas expressões e frases interessantes.

Lançamento de livro

THOMA, Adriana da Silva; KLEIN, Madalena. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO: a diferença surda na escola. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2009.

Contato da Editora: Editora da Universidade de Santa Cruz do Sul Av. Independência, 2293 - 96815-900 - Santa Cruz do SulFone: 51-3717-7461 e 51-3717-7462 - Vendas: 51-3717-7665E-mail: editora@unisc.br - www.unisc.br/deptos/editora

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Seminário Internacional Brasil/Portugal: Pesquisas Atuais na Área da Surdez


Livro sobre educação de surdos

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Avaliação da escrita em português dos alunos surdos

Muitas escolas inclusivas já tem a noção de que o português é uma segunda língua para surdos, mas não sabem como fazer para ensiná-los a ler e escrever sem tomar como base a oralidade ou o princípio do som, como fazem as crianças ouvintes.
Percebemos que o fracasso escolar do aluno surdo muitas vezes está na forma como é conduzida a aprendizagem da leitura e escrita da Língua Portuguesa, considerando a prática pedagógica inadequada.

O aluno está lá, não é proporcionado o ensino como segunda língua, mas ao final o aluno precisa ser avaliado. Geralmente suas respostas não correspondem as expectativas para o nível de escolaridade que está inserido. O que a escola deve fazer? Como avaliar esse aluno?
O decreto 5626/2005 considera que o aluno com surdez tem direito a uma avaliação diferenciada. Apresenta em seu texto o seguinte:

VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa;

VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos;

§ 3o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com deficiência auditiva.

Consideramos que as medidas de avaliação de certa forma contribuem para que o surdo não seja punido por não saber ler e escrever como um ouvinte. Mas, a escola deve traçar objetivos para cada aluno. Até quando vai aceitar que um aluno surdo no ensino médio não saiba flexionar um verbo, não saiba construir uma sentença fazendo uso de preposição? É também muito injusto continuar considerando que qualquer produção vinda de um aluno surdo seja aceitável.

Vejamos a produção escrita de um aluno surdo do 5º ano do ensino fundamental. Nessa produção aparece o verbo irregular ter com a concordância adequada e dinâmica e expressões linguísticas usadas em um diálogo. Fica evidente algumas influência da Língua de sinais.

clique na imagem para ampliar

A escola deve definir quais são as estruturas, o vocabulário ensinado e que devem aparecer na produção dos alunos. Uma reflexão e definição dos critérios de avaliação se fazem fundamental em uma educação consciente, sem deixar de considerar que o português é uma segunda língua.

Refletir


Quando tentamos um adentramento no diálogo como fenômeno humano, se nos revela algo que já poderemos dizer ser ele mesmo a palavra. Mas ao encontrar-mos a palavra na análise do diálogo como algo mais que um meio para que se faça, se nos impõe buscar, também, seus elementos constituitivos.

Esta busca nos leva a surpreender nela duas dimensões: ação e reflexão de tal forma solidárias em, uma interação tão radical que, sacrificada, ainda que em parte, uma delas se ressente imediatamente a outra. Não há palavra verdadeira que não seja práxis. Daí dizer que a palavra verdadeira seja transformar o mundo.

A palavra inautêntica, por outro lado, como que não se pode transformar a realidade, resulta da dicotomia que se estabelece entre seus elementos constituintes. Assim é que esgotada a palavra de sua dimensão de ação, sacrificada, automaticamente a reflexão se torna verdadeira palavreira, verbalismo, blábláblá.Por tudo isso alienada e alienante. É uma palavra oca da qual não se pode esperar denúncia do mundo, pois que não há denúncia verdadeira sem o compromisso de transformação nem esse sem ação.

Se, pelo contrário se enfatiza ou exclusivisa a ação, com o sacrifício de reflexão, a palavra se converte em ativismo. Este que é ação pela ação, minimiza a reflexão, nega também a práxis verdadeira e impossibilita o diálogo.
...
A existência porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tão pouco nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que homens (*e mulheres) transformam o mundo. Existir Humanamente é pronunciar o mundo é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar.


(FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17ª Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, pg. 77,78, 1987).

Português para surdos: políticas e práticas pedagógicas.


As políticas educacionais para surdos e suas práticas pedagógicas no que se refere ao ensino de língua portuguesa apresentam um grande descompasso. Temos trabalhado com a orientação de professores, cursos de capacitação e consultorias à instituições que buscam um aprimoramento no ensino de português como segunda língua para surdos.


A política nacional, mais precisamente o decreto 5626/2005 orienta em seu 14º artigo que As instituições de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior; sendo previsto o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas.


Todavia a realidade da educação brasileira e os surdos inseridos nas escolas regulares diante de uma política paralela que impõe uma educação inclusiva ocasiona a falta de capacitação suficientes para os professores tanto de escolas regulares quanto os que atuam na educação especial.

A realidade é cruel aos surdos, temos em sala de aula professores ouvintes que desconhecem a língua de sinais e trabalham com salas mistas (surdos e ouvintes), que desconhecem métodos específicos que ajudariam os surdos a alcançar a proficiência em português por escrito e ainda carregam a concepção que a oralidade é essencial para o ensino da escrita; espaços educacionais que não oferecem o suporte da educação especial, como: intérprete de língua de sinais ou sala de recurso para complementação pedagógica (libras e português), não podendo ser denominados, a meu ver, de escolas inclusivas. Entretanto, a política diz que é, ou melhor, que deveria ser.
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